O que é síndrome de asperger?
A Síndrome de Asperger é uma condição que, durante muitos anos, foi considerada um diagnóstico separado dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Pessoas com Asperger geralmente apresentam dificuldades na interação social e padrões de comportamento repetitivos, mas sem atrasos significativos na linguagem ou no desenvolvimento intelectual. Com a atualização do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), a Síndrome de Asperger foi oficialmente incorporada ao espectro do autismo, mas ainda é um termo muito usado, tanto na comunidade científica quanto popularmente.
Neste artigo, vamos entender o que é a Síndrome de Asperger, suas características principais, como era diagnosticada, as mudanças na classificação atual e a importância de reconhecer e valorizar a neurodiversidade.
Origem do termo
O nome "Síndrome de Asperger" vem do pediatra austríaco Hans Asperger, que, em 1944, descreveu um grupo de crianças que apresentavam dificuldades significativas de interação social, comportamentos repetitivos e interesses restritos, mas com desenvolvimento cognitivo e linguístico dentro da normalidade ou acima da média.
O reconhecimento oficial da condição só ocorreu décadas depois, na década de 1990, e rapidamente ganhou espaço nos sistemas de diagnóstico em vários países.
Características principais da Síndrome de Asperger
Embora cada indivíduo seja único, algumas características são frequentemente associadas à Síndrome de Asperger:
1. Dificuldades na interação social
- Dificuldade em interpretar pistas sociais, como expressões faciais e linguagem corporal.
- Dificuldade em iniciar ou manter conversas recíprocas.
- Tendência a interações sociais mais formais ou "rígidas".
- Sensação de isolamento ou dificuldade em fazer e manter amizades.
2. Comunicação peculiar
- Uso formal e, às vezes, excessivamente elaborado da linguagem.
- Interpretação literal de expressões e dificuldade com sarcasmo ou humor sutil.
- Discurso focado em interesses pessoais, podendo falar longamente sobre um tema sem perceber a falta de interesse do interlocutor.
3. Interesses restritos e intensos
- Fascínio por temas específicos, como astronomia, programação, trens, história, matemática, entre outros.
- Dedicação profunda ao estudo de seus interesses, às vezes com conhecimento acima da média.
4. Padrões de comportamento repetitivos
- Preferência por rotinas rígidas.
- Desconforto com mudanças imprevistas.
- Comportamentos motores repetitivos podem estar presentes, mas geralmente de forma menos intensa que em outros perfis do espectro.
5. Sensibilidades sensoriais
- Hipersensibilidade ou hipossensibilidade a estímulos como sons, luzes, cheiros ou texturas.
- Pode haver desconforto extremo em ambientes ruidosos ou caóticos.
Inteligência e habilidades
Pessoas com Síndrome de Asperger frequentemente possuem inteligência normal ou acima da média. Algumas apresentam habilidades excepcionais em áreas específicas, como matemática, lógica, música ou línguas.
Essa alta capacidade cognitiva, combinada com dificuldades sociais, cria um perfil muito específico, às vezes associado ao termo "gênio socialmente desajeitado", embora cada pessoa tenha suas próprias forças e desafios.
Mudanças no DSM-5: incorporação ao espectro autista
Em 2013, o DSM-5 eliminou o diagnóstico separado de Síndrome de Asperger, incorporando-o ao diagnóstico geral de Transtorno do Espectro Autista.
Atualmente, uma pessoa que antes seria diagnosticada com Asperger é diagnosticada como autista, especificando-se:
- Nível de suporte necessário.
- Presença ou ausência de atraso intelectual.
- Presença ou ausência de comprometimento na linguagem.
Essa mudança refletiu a compreensão de que as diferenças entre autismo clássico e Asperger eram mais de grau do que de natureza.
Por que o termo "Asperger" ainda é usado?
Apesar da mudança oficial na nomenclatura, muitas pessoas ainda preferem se identificar como tendo "Síndrome de Asperger". Isso acontece por vários motivos:
- Sentimento de identidade e pertencimento a uma comunidade específica.
- Diferenças reais na experiência pessoal de quem foi diagnosticado com Asperger em comparação a outras pessoas autistas.
- Desejo de manter uma distinção baseada nas características específicas associadas à antiga definição.
É importante respeitar como cada pessoa prefere se identificar.
Diagnóstico
O diagnóstico de Asperger, antes da mudança do DSM-5, era baseado em critérios como:
- Desenvolvimento da fala dentro do esperado.
- Ausência de atraso cognitivo significativo.
- Dificuldades de interação social.
- Padrões de comportamento restritivos e repetitivos.
Atualmente, o diagnóstico de autismo considera a intensidade e a natureza desses desafios, sem a separação formal em subtipos.
Abordagens de tratamento e suporte
Embora o autismo, incluindo o perfil de Asperger, não tenha cura, intervenções e apoios podem fazer uma enorme diferença na vida da pessoa. As abordagens incluem:
- Terapia social: para desenvolver habilidades de interação e comunicação.
- Terapia ocupacional: para lidar com sensibilidades sensoriais e desenvolver habilidades práticas.
- Apoio educacional: com adaptações curriculares e estratégias personalizadas.
- Terapia psicológica: especialmente focada em gerenciamento de ansiedade, autoestima e habilidades de enfrentamento.
- Fonoaudiologia: para trabalhar aspectos da comunicação pragmática (uso social da linguagem).
O suporte deve sempre ser individualizado, respeitando os pontos fortes, interesses e estilo de aprendizagem da pessoa.
Valorizando a neurodiversidade
É essencial entender que pessoas com perfil de Asperger não precisam ser "consertadas" ou "normalizadas", mas sim apoiadas para que possam desenvolver todo o seu potencial.
A neurodiversidade enriquece a sociedade, trazendo novas formas de pensar, criar e resolver problemas. Pessoas autistas, com ou sem diagnóstico formal de Asperger, têm muito a contribuir em todas as áreas da vida.
Conclusão
A Síndrome de Asperger é uma maneira única de ser autista, marcada por desafios sociais e interesses intensos, mas também por talentos e perspectivas especiais. Embora o termo tenha sido oficialmente incorporado ao diagnóstico de autismo, ele permanece importante para muitas pessoas como parte de sua identidade.
Com conhecimento, respeito e apoio adequado, é possível criar um mundo onde todas as formas de neurodiversidade sejam reconhecidas, celebradas e incluídas.