O que é o método PECS?
A comunicação é essencial para que toda pessoa possa expressar desejos, emoções e necessidades. No caso de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), especialmente aquelas que apresentam dificuldades na fala, o PECS (Picture Exchange Communication System), ou Sistema de Comunicação por Troca de Figuras, é uma das estratégias mais eficazes e reconhecidas para promover a comunicação funcional.
Criado em 1985 por Andrew Bondy e Lori Frost, o método foi desenvolvido com base nos princípios da Análise do Comportamento Aplicada (ABA). Ele utiliza figuras, cartões ou pictogramas para representar palavras, objetos e ações, permitindo que a pessoa troque imagens para se comunicar com outras pessoas mesmo sem utilizar a fala.
O sistema PECS
O PECS é um sistema de Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA) que ensina a pessoa a iniciar uma comunicação espontânea e funcional. Em vez de esperar que alguém adivinhe suas necessidades, o indivíduo aprende a entregar uma figura ou montar uma frase visual para expressar o que quer, sente ou observa. Esse processo reforça positivamente o ato de se comunicar, fortalecendo a motivação para interagir.
Como o PECS funciona: as 6 fases do método
O ensino é dividido em etapas progressivas, que evoluem conforme a pessoa ganha autonomia e compreensão do processo comunicativo:
- Troca simples: o indivíduo aprende que entregar uma figura a outra pessoa resulta em uma consequência positiva por exemplo, receber um brinquedo ou alimento desejado.
- Aumentar a iniciativa: aprende a se deslocar até o interlocutor para realizar a troca, desenvolvendo iniciativa e intenção comunicativa.
- Diferenciação de figuras: aprende a escolher entre diferentes imagens (ex.: “maçã” ou “banana”) para expressar preferências específicas.
- Construção de frases: passa a combinar figuras para formar enunciados simples, como “Eu quero + objeto”.
- Responder perguntas: aprende a responder perguntas como “O que você quer?”.
- Comentar e conversar: começa a fazer observações espontâneas, como “Eu vejo um gato”, iniciando uma comunicação mais completa e interativa.
Para quem o PECS é indicado
O PECS é indicado para crianças e adultos com TEA que têm pouca ou nenhuma fala funcional, bem como para pessoas com apraxia de fala, síndrome de Down, paralisia cerebral ou outras condições que dificultam a comunicação verbal.
Ele pode ser usado paralelamente ao desenvolvimento da fala e não impede que a pessoa venha a falar. Pelo contrário: em muitos casos, o uso do PECS estimula o surgimento da linguagem oral.
Benefícios do PECS
- Facilita a comunicação funcional: a pessoa consegue expressar desejos, sentimentos e necessidades.
- Reduz frustrações e comportamentos desafiadores: ao poder se comunicar, há menos crises por falta de entendimento.
- Estimula a fala: pesquisas mostram que o PECS pode acelerar o desenvolvimento da linguagem oral.
- Promove autonomia e autoestima: permite que a pessoa seja compreendida sem depender de adivinhações.
- Melhora a interação social: aumenta a iniciativa e o interesse pela comunicação com outras pessoas.
- É acessível: pode ser aplicado com materiais simples (figuras impressas, velcro, pastas) e em qualquer ambiente.
PECS e outros sistemas de comunicação
Existem diversas formas de Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA), como dispositivos eletrônicos com voz, gestos, linguagem de sinais e tabelas de comunicação. O PECS se destaca por ser:
- Visual e concreto: ideal para pessoas que aprendem melhor por meio de imagens.
- Estruturado: segue uma sequência clara de ensino, fácil de aplicar por terapeutas e familiares.
- De baixo custo: não exige equipamentos eletrônicos caros, podendo ser montado com materiais simples.
O papel dos pais e professores
O sucesso do PECS depende da consistência e participação ativa da família e da escola. Pais, professores e terapeutas devem aplicar o método diariamente, em diferentes contextos, para que a comunicação se torne espontânea e natural.
- Usar o PECS em todos os ambientes: casa, escola e terapias.
- Manter o reforço positivo sempre que a comunicação for bem-sucedida.
- Expandir o vocabulário gradualmente, conforme o interesse e as vivências da pessoa.
Mitos e verdades sobre o PECS
- Mito: “Usar figuras atrasa a fala.”
Verdade: o PECS estimula o desenvolvimento da fala e nunca a impede. - Mito: “É apenas mostrar figuras.”
Verdade: o PECS é um programa de ensino com etapas estruturadas e metas claras. - Mito: “Só serve para crianças pequenas.”
Verdade: pode ser aplicado a adolescentes e adultos que precisam de apoio comunicativo.
Como iniciar o uso do PECS com segurança
- Avaliação profissional: deve ser iniciado por fonoaudiólogo(a) ou terapeuta capacitado(a) no método.
- Materiais adequados: figuras claras e organizadas (em pastas ou pranchas com velcro).
- Motivadores reais: usar objetos e atividades que sejam de alto interesse para o aprendiz.
- Generalização: praticar em contextos variados e com diferentes pessoas.
- Monitoramento contínuo: acompanhar o progresso e adaptar as figuras conforme a evolução da pessoa.
Conclusão
O Método PECS é uma ferramenta poderosa para desenvolver a comunicação funcional em pessoas com autismo e outras dificuldades de fala. Simples, acessível e cientificamente validado, ele oferece uma voz visual a quem ainda não consegue falar, promovendo inclusão, autonomia e qualidade de vida. O mais importante é que o PECS seja aplicado com acompanhamento profissional e apoio familiar pois comunicar é mais do que trocar figuras: é construir conexão e pertencimento.